Editorial
"O bairro também paga IPTU"
A frase que dá título a esse Editorial foi citada por um morador do Sítio Floresta ao fazer contato com a Redação do Diário Popular relatando que a população do bairro resolveu, por conta própria, tapar um buraco, após desistir de tentar solução via poder público. É sintomático do momento em que Pelotas vive. Nós mesmos noticiamos recentemente que, dentre os contingenciamentos que a Prefeitura vem adotando para gastar menos e, assim, não atrasar mais salários, está a diminuição de serviços urbanos como manutenção de vias. É a metáfora do cobertor curto, onde se tapa um lado e destapa o outro.
O relato do morador do Sítio Floresta não é isolado. Perto dali, ontem, a população do Passo do Salso realizou um protesto pelos buracos que afetam a rota do transporte público. Por sorte, a questão foi rapidamente resolvida. Uma representante da Prefeitura esteve lá e uma patrola já passou logo depois, fazendo o trajeto do ônibus voltar ao normal. Se dava para resolver, precisava, então, chegar ao extremo em que cidadãos precisam organizar uma manifestação trancando a rua para, enfim, chegar a uma solução?
É histórica a reclamação de moradores dos bairros sobre a falta de manutenção nas vias, tanto as asfaltadas, em que buracos reaparecem a cada chuva, alguns crônicos, quanto nas de chão. Entra e sai gestão, secretários e tudo mais, e a questão continua. Ano que vem tem eleição e muita gente vai prometer, novamente, solução para isso. Daqui quatro anos, provavelmente estaremos repetindo a mesma história.
Pelotas é, e sempre foi, uma cidade bastante voltada ao Centro. É natural que grandes avenidas e essa região estejam mais em foco, mas é importante lembrar que as pessoas voltam aos bairros e é lá que as pessoas estão. É uma versão ainda mais micro do mesmo argumento que gestores usam para reclamar as verbas públicas mal divididas. Se a vida acontece nos municípios, dentro deles ela acontece nos bairros.
Pode não haver necessariamente um esquecimento, considerando os problemas financeiros do Município. Mas não dá para deixar os bairros em último na hora de realizar serviços. As comunidades, em geral, se sentem esquecidas e, se os administradores não querem que haja esse ranço que vira praticamente regra no ponto de vista de quem sente essas dores, está na hora de mudar isso.
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